O tamanho da gente

Tem umas frases que fui guardando ao longo da vida e que tiro do bolso sempre que desejo me fortalecer ou voltar ao eixo.
Uma amiga muito sábia há uns 20 anos atrás dizia uma frase simples quando me via tendendo para o drama:
“Você é adulta, Patricia. Adultos resolvem coisas.”
Pronto, lá ia eu pro meu lugar. Sem mimimi.
Um diretor que eu tive falava outra: “Não é o mal que faz, é o mal que parece.”
E eu aprendi que não basta ser e fazer, o que, de cara, impacta o outro é o que parece.
Pro bem e pro mal. Quer vender seu peixe? Pareça.
E ainda trabalhei com uma chefe que me alertava em situações estressantes de dia a dia, mas que não tinham gravidade: “Sem dor, Patrícia”
Ouvir isso me dava a perspectiva certa em diversos assuntos profissionais.
Outra. Um diretor meu era especialista em resolver problemas, e falava pra qualquer um que entrasse na sala dele com um pedido urgente: “O que é urgente pra você, não é urgente pra mim. Espera.”
Aprendi a fazer isso também. Com jeitinho porque sou fofa.
Mas a frase que mais gosto foi uma que não sei onde aprendi.
Certa vez me meti numa enrascada feia. Tinha ônus pra ficar nela e ônus pra sair dela.
E pra decidir o que fazer, pensei: se eu mesma entrei, eu tenho que ser do tamanho que eu sou e sair.
Arcando com o preço desse movimento.
“Eu tenho que ser do tamanho que sou”
Essa frase tem o poder imediato de me fazer caminhar, apesar do medo, o poder de conseguir tomar decisões importantes mesmo quando não enxergo nada a frente.
O tamanho da gente é medido pelo nosso caráter e pela capacidade de agir nas adversidades, pelo grau de consistência e amplitude nos movimentos, pela determinação.
E medido principalmente pelo coração.
Ser do tamanho da gente é uma construção diária em uma existência inteira.
Mas funcionar pela metade dá o mesmo trabalho que ser gigante. Sem a maravilha de passar por essa vida com relevância.